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Arquitetos: Martin Schmidt Radic Arquitectos Asociados
- Área: 4084 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Aryeh Kornfeld K.
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Fabricantes: Hunter Douglas, AMF, AQUARELLO, Aislan Glass, AutoDesk, Baker Rod, Bradley Corporation USA, Budnik, CILETE, Cintac, Cobra, Comercial Hispano y Wasser, DVP, Ducasse, GALA, GE Lighting, Helvex, IDRAL, Indalum, Kem Pro, +12
Descrição enviada pela equipe de projeto. A proposta de intervenção patrimonial neste edifício danificado busca readaptar o uso original para espaços de trabalho flexíveis a fim de fortalecer e diversificar o caráter educativo do setor. Para isso é necessário consolidar e reestruturar as fachadas originais, construindo um novo edifício que recomponha o ritmo de uso e atividade que hoje está interrompido pelo vazio programático deixado pelo fogo, onde apenas a fachada permaneceu de forma cenográfica. Entende-se como um espaço misto, tanto em seu uso quanto em sua materialidade, que considera em sua proposta os vestígios da construção destruída, onde será possível trabalhar, comer, passear e desfrutar no meio do distrito universitário de Santiago.
Em 2016 um incêndio devastador deixou em ruínas um antigo casarão do início do século passado, declarado patrimônio de Conservação Histórica, localizado na tradicional Av. República, no centro histórico de Santiago. A casa original foi concebida como um conjunto de apartamentos de três andares com um jardim nos fundos. Ao longo dos anos, juntamente com a vizinhança, passou por diferentes mudanças de programa em relação à sua concepção original, acabando como um edifício de uso acadêmico e com um jardim construído de forma precária. Apenas as fachadas, frontal e posterior, e as paredes do perímetro, todas elas simples alvenaria, com três andares de altura, permaneceram de pé. O interior, que era originalmente feito de madeira, e a construção que ocupava o jardim se perderam, deixando as paredes instáveis. A fachada principal tem um valor em conjunto com a casa da esquina vizinha, e mantém o caráter histórico que dá à avenida seu grande valor. Portanto, era muito importante tanto para o Conselho de Monumentos Nacionais quanto para a Direção de Obras Municipais preservá-las.
O projeto começa, então, a partir do resgate não apenas da fachada principal do edifício. Foi condição de ambas as entidades preservar os quatro muros que continham o projeto original, as duas empenas e o muro posterior que delimitavam o edifício com o jardim que desapareceu. A estratégia de intervenção do projeto visou apoiar as paredes existentes, respeitando e mantendo a imagem do complexo pré-existente e do entorno imediato, entendendo o caráter patrimonial tanto do Imóvel de Conservação Histórica quanto da região, um bairro consolidado. Para tanto, foi proposta uma estrutura interna que suporta e utiliza as fachadas existentes como próprias, através de uma construção contemporânea de grande espacialidade, flexível, permitindo o maior número possível de usos dentro do novo edifício.
Levando em conta a condição do plano diretor, que exige que 30% de planta livre de construção por andar, decidiu-se concentrar este vazio necessário em um único pátio central que traz luz natural e ventilação para o interior do edifício e concentrar as circulações horizontais e verticais nesse espaço, que tornou-se o coração do projeto. Para isso, foi disposta uma construção de frente para a Avenida República, que assume a fachada principal, naturalmente iluminada tanto da rua como do novo pátio, e outra construída no local do antigo jardim, que é iluminada e ventilada pelo novo pátio central, assumindo a fachada posterior do edifício original, mas neste caso esta imponente fachada de alvenaria simples, sem estuque, rotunda e sem detalhes, deixa seu interior aparente como uma das fachadas do pátio interno, que, junto com as empenas do edifício, da mesma condição, constroem uma atmosfera de contraste entre a qualidade material do tijolo, a estrutura metálica das circulações verticais e horizontais e o concreto contemporâneo.
Para que fosse possível executar o novo projeto, houve um trabalho logístico complexo envolvido. Ele começou com o reforço das fachadas existentes com estruturas metálicas que seriam desmontadas à medida que o edifício de concreto definitivo assumisse a estrutura das paredes de alvenaria existentes a serem preservadas. Como o novo projeto procurou tornar o local mais rentável, dois níveis foram projetados abaixo do nível natural do terreno, o que também se tornou uma condição para o reforço, que deveria contemplar esses novos níveis inferiores e assegurar que as paredes de alvenaria não perdessem sua função estrutural até que o novo edifício se construísse com segurança.